Durante muitos anos esse rio seguiu seu curso sinuoso enfrentando todas as intempéries da natureza, mas sempre deixando desaguar nele seus pequenos afluentes que o tornavam cada vez mais belo e forte, até se tornar um grande rio.
Por onde passava servia de berço aos cardumes, alimentava o ser-humano, ajudando mais e mais na reprodução dos peixes. Suas margens transbordavam fertilizando a terra, enfim era um verdadeiro “Nilo”.
Um dia, sem sequer ser consultado, o ser-humano resolveu represá-lo. Começaram então as obras para a construção de uma barragem, uma obra monumental de engenharia. O seu curso foi desviado pelas mãos dos homens e ele não pode mais continuar sua linda missão.
Ele tentou... transbordando, alagando tudo à sua volta, mas não conseguiu.
A represa estava pronta, engenharia perfeita, beleza de concreto. Mas... e o Rio?... REPRESADO.
O rio entristeceu... já não era mais o mesmo... já não havia porque regar as suas margens... já não havia motivação para alimentar os cardumes que se aglomeravam na represa e não podiam partir para a reprodução.
Pelo próprio "destino" que o homem deu à seu curso deixou de receber seus afluentes. O rio quase parou, o rio adormeceu, e ficou assim durante anos.
Um dia... o rio olhou de lado e viu uma trilha alimentada apenas pela água da chuva e teve uma imensa vontade de correr e fazer dela o seu leito, mas não podia... estava represado...
Começou então dentro dele uma revolução... suas águas começaram a ganhar forças novamente... a areia se misturava com a terra num ato enlouquecido de transpor a barreira, até que o "destino" resolveu abrir as comportas para liberar uma parte da água do rio, mas... por um pequeno erro de cálculo na porcentagem da força, as comportas não se abriram.
A trilha a tudo assistia e só recebia as águas da chuva.
O rio num ato de coragem, de esperança e de amor a si próprio se rebelou, destruiu a bela obra de engenharia, “a barragem”. Invadiu tudo que o cercava e foi direto em direção à trilha que o esperava pronta para lhe servir de berço e leito.
Caminharam juntos, fizeram seu próprio curso... novos afluentes vieram de encontro ao rio. Os peixes comemoravam a vitória do rio num balé coreográfico... Voltou o verde das matas...O vento soprava à favor... tudo conspirou a favor...
E a trilha? Numa harmonia perfeita levou o Rio todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos para desaguar majestosamente suas águas no imenso Oceano.
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